Português Suave
Perdi o medo de ter muito, mas mesmo muito medo.
Tinha medo do isolamento compulsivo num quarto tenebroso imposto no Hospital Psiquiátrico Magalhães Lemos, porque me prenderam como se fosse um criminoso. Agora tenho medo desse tipo de medo.
Medo, que virou miraculosamente coragem... coragem e tino, para não voltar a ter um esgotamento tão grande como o da crise de 2008. Para não voltar a ser atirado como um animal mal cheiroso para o canil municipal.
Era o medo de saltar de avião que nos punha, a nós paraquedistas, a correr para a porta do abismo.
O medo até pode ser bom aliado. Como diz o povo ao medricas: “...abre os olhos para a vida...” Porque quem vive no medo não vive.
Agora, só me resta ter mesmo medo que se acabe o tabaco no meio de uma noite mal dormida. Inquietação...Inquietação… Lá vem mais uma insónia. Alguém me arranja um Português Suave?
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Tiago Manuel de Figueiredo Marques - Porto
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