19 de outubro de 2016

Trabalhos Premiados 2016

1º Prémio

"ENQUANTO"
João Baptista Coelho
(Tires, São Domingos de Rana)


ENQUANTO

Enquanto quis Fortuna que tivesse
a mística imortal do verbo amar
e a força dos silêncios duma prece
rezada numa noite de luar;

Enquanto em minha alma, em vida, exista
Esperança de algum contentamento,
que seja bem real, sem estar à vista,
a dar-me o pão da paz, e de outro alento;

Enquanto eu me aperceba, no meu "vento",
que tu também me queres, também me ofertas
O gosto de um suave pensamento
e a dádiva da paz, de mãos abertas; ...

Eu gritarei ao mundo, que o amor,
alheio a qualquer mísero interesse
- porque hoje me mostrou outro valor -
Me fez que seus efeitos escrevesse.




2º Prémio

"deu-me a sorte este instante de alegria"
Pedro Manuel Martins Baptista
(Coimbra)


deu-me a sorte este instante de alegria
como se uma breve ave o céu riscasse
e em seu canto o olhar iluminasse
com as cores da mais bela melodia

embora escasso seja abre-se ao dia
este sorriso em mim       se ficasse
como um sol que à janela se deitasse
em ledo verso ao mundo o cantaria

mas quis a sorte só que fosse instante
tal como instante foi dá-lo por 'scrito
enquanto em mim houvesse tal alento

e que cada palavra fosse amante
da esperança que resta neste grito
para que fosse eterno este momento




3º Prémio

"Onde estás, oh Esperança minha?"
Carlos Manuel Meneses Moreira
(Maia)


E nesse fado quase esmorecia
Tão perto de fruir esse momento
De ter comigo tão grande alento
De cantar na noite a luz do dia

Que espera é esta que definha
Na noite escura que me envolve
Se não me contenta tamanha sorte
De não sentir a noite como minha?

Antes que o silêncio sucumbisse
Na aridez dessa noite escura
Tomei como minha essa agrura
De não te conhecer, quando te visse

Onde estás, oh Esperança minha!
Onde te escondes, tão fugidia
Se te desejo mais que a própria vida
Antes que desponte o raiar do dia?

Quis a Sorte que não mais dormisse
Sem que na matutina neblina
A Fortuna trouxesse como minha
A primeira gota de alegria

De te sentir comigo sempre presente
Não deixando que na noite soçobrasse
Ainda que na escuridão eu achasse
Que estivesses, afinal, em mim ausente!